Junte em um mesmo caldeirão as maiores altitudes da América, rastros de culturas milenares e seus enigmas, um ambiente inóspito habitado por animais selvagens, uma gente mestiça e receptiva cheia de crenças e mitos e ainda assim não será possível imaginar o grau de encantamento que brota no primeiro contato com Calingasta.

Lá é um bom lugar para entender porque o “realismo mágico” é uma escola literária que nasceu na América Latina, porém, muito mais do que um estilo capaz de suscitar emoções, ela nasce da necessidade do homem entender seu lugar, onde continuamente a realidade e a fantasia se misturam, se invertem no caleidoscópio cotidiano de uma gente que respira as ambigüidades de um temperamento que não discrimina a própria ficção. 

Neste vale, imerso entre montanhas colossais, a natureza se impõe de forma imperativa e absoluta, ali ela não é cenário, muito menos coadjuvante, ela é o centro de tudo, a grande personagem de qualquer história.