Suas cartas foram transcritas para um pequeno caderno de folhas costuradas e capa dura levemente avermelhada, com uma textura colorida por “respingos de tinta”. São páginas amareladas de um diário que assim como seu autor estaria fadado ao ostracismo, não fosse a alma inquieta de Telmo Giolito Porto, quem descobriu-o no emaranhado dos leilões do mundo.

Hope fundia sua alma com a sua embarcação, uma veloz fragata movida pela força dos ventos, que juntos passaram por aqui justamente na década em que os veleiros começaram a ser substituídos pelos poderosos vapores, as “Fragatas de Rodas”. A memória da Tyne ainda resiste em fragmentos nos arquivos do Museu Marítimo Nacional de Greenwich. São plantas, relatórios e parcos objetos, que nos dão apenas pistas fugazes que acendem a imaginação sobre uma aventura que se desvanece na memória de um mundo que já não existe.

Os apontamentos que acompanham a adaptação do texto original propõe-se a nortear o entendimento do contexto humano, social e econômico do mundo que girava ao redor dos fatos narrados pelo almirante, tal qual uma “carta de correntes” que nos ajuda a navegar pelos mares singrados pela Tyne. Um diário que se encerra sem que houvesse cessado a viagem, como se nos desafiasse a imaginar eternamente as doces experiências do Capitão Hope por um Brasil que em algum lugar do tempo continua existindo.