A IDADE DO CIMENTO
Bruno Contarini
A evolução do uso dos produtos de cimento coincide com a história da construção no Brasil ao longo do século XX. Hoje, largamente difundidos no Brasil e utilizados, com diferentes técnicas, na imensa maioria das construções, os produtos de cimento demonstram como o país foi capaz de aprimorar tecnologias de tal maneira que, através de inovações e aprimoramentos conquistados, em muitos casos, acabou por ultrapassar seus países de origem.
Juntas, a Engenharia e a Arquitetura brasileiras revelaram uma criatividade que fizeram com que suas conquistas repercutissem sobremaneira no exterior.
Como exemplo cito a trajetória do arquiteto Oscar Niemeyer cujo talento não conhece limite de formas e que tem no concreto um aliado que lhe dá liberdade total para por em prática suas geniais idéias.
Os traços de Niemeyer, por conta da liberdade plástica e da preferência pelas curvas e pelos imensos espaços livres, desafiam qualquer imaginação exigindo muita criatividade por parte dos engenheiros. Foi assim desde o início, na Pampulha, em Brasília e nas várias obras que construiu no exterior, principalmente depois do golpe militar de 1964.
Os estrangeiros se admiravam diante da ousadia dos projetos de Oscar Niemeyer. Enquanto que aqui no Brasil lhe diziam: Lugar de arquiteto comunista é em Moscou, ele recebia convites de outras regiões do mundo. Os pedidos vieram, por exemplo, de De Gaulle e de André Malraux, que até criou para ele uma lei especial permitindo que trabalhasse na França como arquiteto, do empresário italiano Giorgio Mondadori e do presidente Boumedienne da Argélia que o convocou para construir a Universidade de Constantine.
Aliás, cito este projeto como exemplo de ousadia e do talento que juntas, a Engenharia e a Arquitetura brasileiras eram capazes de fazer. As obras, ao serem iniciadas em 1969, encontraram resistência por parte dos engenheiros franceses encarregados da execução, que argumentavam que o projeto, da maneira que havia sido concebido, era inexeqüível. Diziam, tentando provar por A mais B, que a viga principal deveria ter espessura de pelo menos 1,50m.
Em maio daquele ano, fui chamado a Argel por Oscar Niemeyer para lhe dar apoio técnico. Ao chegar, os franceses me apresentaram os cálculos que haviam realizado afirmando que não poderiam tocar a obra segundo as especificações originais. Depois de analisar os argumentos técnicos, ao invés de dar razão aos franceses, afirmei que a viga em questão poderia ser feita com 0,25 m de espessura em concreto protendido, como afinal foi feita. Outro exemplo que demonstra a competência dos profissionais brasileiros é a Ponte Rio-Niterói, importante marco de referência do Brasil, em que estiveram envolvidos milhares de trabalhadores e centenas de técnicos altamente qualificados.
Os números desta obra são impressionantes: 13.290 metros de extensão, sendo 8.836 metros sobre o mar, 26,60 metros de largura, com seis faixas de rolamento e dois acostamentos, de 1,80 metros e altura máxima de 72 metros, acima do mar. O vão central sobre o canal de navegação bateu o recorde em viga reta metálica do mundo; seu peso, mais de 970 mil toneladas, corresponderia a 800 edifícios de 10 andares. Foram utilizados mais de quatro milhões e seiscentos mil sacos de cimento que, se deitados, fariam 1.500 pilhas da altura do Pão de Açúcar. Por tudo isso a engenharia brasileira conquistou o respeito e a admiração do mundo. E a evolução não pára. Surgem a cada dia novos produtos e novas e aprimoradas técnicas que melhoram a performance dos materiais.
Acredito que vivemos hoje, e vamos viver ainda durante muito tempo, a Idade do Cimento, já que as obras realizadas com seus produtos são perenes, econômicas, resistentes, e sua manutenção é de baixo-custo. Este livro, ao mostrar a evolução e a importância dos produtos de cimento na construção do Brasil demonstra como o país evoluiu nos últimos cem anos e como são grandes os desafios e as suas possibilidades futuras.
O Livro
Produção e edição limitada de "Produtos de Cimento na Construção do Brasil”, livro de arte com encadernação luxuosa e conceito editorial arrojado.
O livro tem por finalidade permitir que o leitor, tenha uma visão global do cimento desde sua criação até o cenário contemporâneo, sua importância e integração com o meio ambiente, cultura e política.
Farta documentação fotográfica, além da utilização de diversos acervos históricos, públicos e particulares. Com textos de Antonio Soukef e fotos de Vito D’Alessio e Renato Dutra.
Características Técnicas Edição Bilingue: Português / Inglês, Tamanho: 26 x 27 cm, Impressão: Off set, 4x4 cores, Papel Couchet 180 g., Capa dura.
A Exposição
Ficha Técnica
Direção Geral
VITO D'ALESSIO
Apresentação e Supervisão
JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA LIMA
Apresentação
BRUNO CONTARINI
Pesquisa e Textos
ANTONIO SOUKEF JR.
Edição e Arte
Leopoldo Silva Jr
Ilustrações
JOSÉ ARMANDO FERRARA
Projeto Cenográfico
LUIZ SCARABEL JR.
Revisão
DANIELA GONÇALVES DE MORAIS
Direção de Produção
RENATO DUTRA
Assistente de Produção
PATRICIA DOS SANTOS
ANTONIA PEREIRA DE ARAÚJO
Direção Administrativa
ABDEL GOFFAR Majzoub Neto
Assistente Administrativa
CARLENE LIMA BATISTA
Consultoria Editorial
Carlos ROBERTO PETRINI
Jurídico
JORGE march
Leis de Incentivo
RENATO DUTRA
Assessoria Contábil
MARCO ANTONIO FAUSTINO
Pré-Impressão e Impressão
PANCROM